“Pachinko” – Min Jin Lee

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Um Drama Familiar que Explora a História e a Cultura Coreana

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“Pachinko” é um drama familiar escrito pela autora norte-americana de ascendência coreana, Min Jin Lee. O romance, publicado pela primeira vez em 2017, ganhou destaque adicional em 2022 com a adaptação em série pela Apple TV+. Esta obra narra a história de uma família coreana ao longo de quatro gerações, oferecendo uma visão profunda e sensível sobre as dificuldades e os desafios enfrentados pelos coreanos sob o domínio japonês e norte americano.

A História do Japão e Coreia em “Pachinko”

A narrativa de “Pachinko” começa em 1910, quando a Coreia foi anexada pelo Japão, tornando-se uma colônia japonesa. A história se inicia com Hoonie, um rapaz trabalhador e muito querido em sua pequena comunidade na Coreia. Hoonie enfrenta desafios devido a uma fenda palatina e um pé torto, o que dificulta sua busca por uma esposa.

Eventualmente, uma casamenteira encontra Yangjin, uma moça que também enfrentava dificuldade em encontrar marido devido as condições financeiras da família, com quem Hoonie se casa, iniciando assim uma família. Após a perda de três filhos, o casal finalmente tem Sunja, que sobrevive e se torna um pilar na história.

A Jornada de Sunja

Com o passar dos anos, Sunja e sua mãe administram uma pensão que hospeda viajantes. Sunja se apaixona por Hansu, um homem que estava de passagem pela vila, e acaba engravidando dele. No entanto, Hansu, que já tem uma família no Japão, não pode dar seu sobrenome ao filho que Sunja espera. Em um momento de desespero, Sunja teme desonrar sua família.

Neste cenário, Isak Baek, um pastor hospedado na pensão, oferece uma solução inesperada: casar-se com Sunja e assumir a paternidade da criança. Após o casamento, Isak e Sunja se mudam para Osaka, Japão, em busca de uma vida melhor, fugindo das difíceis condições de vida na Coreia colonizada.

Desafios e Adaptações no Japão

Em Osaka, Sunja dá à luz Noa, filho biológico de Hansu, e posteriormente Mosasu, filho biológico do casal. Noa e Mosasu têm personalidades distintas. Noa é estudioso e deseja se camuflar na sociedade japonesa, adaptando bem seu nome coreano para um nome japonês. Em contraste, Mosasu recusa-se a aceitar essa adaptação e frequentemente se envolve em brigas na escola, eventualmente abandonando os estudos para trabalhar em um Pachinko.

O Mundo dos Pachinkos

Pachinkos são estabelecimentos de jogos no Japão, semelhantes ao pinball, mas que não dependem exclusivamente de sorte, exigindo algum nível de estratégia. Por isso, Pachinkos operam em uma zona cinzenta da legalidade. Os coreanos e outras pessoas marginalizadas muitas vezes trabalham nesses estabelecimentos, que são mal vistos pela sociedade japonesa.

Com o passar do tempo, Mosasu prospera no negócio de Pachinkos, tirando sua família da pobreza. Ele tem um filho chamado Solomon, a quarta geração destacada no livro. Solomon, criado nos Estados Unidos, retorna ao Japão para se reconectar com sua herança, mas enfrenta discriminação tanto dos japoneses quanto dos coreanos, sentindo-se sem pátria.

Amor Materno e Concessões

“Pachinko” é, acima de tudo, uma história de amor materno e concessões. Sunja, a âncora da narrativa, sacrifica-se constantemente para garantir um futuro melhor para seus filhos. Embora faça parte de uma cultura baseada em honra e orgulho, ela coloca seus filhos em primeiro lugar, abrindo mão de seus próprios desejos e necessidades.

Divisão da Coreia e Suas Implicações

Em seu romance, Min Jin Lee mergulha na dura realidade da Coreia durante a Segunda Guerra Mundial, traçando um retrato comovente da divisão imposta pelo conflito. O território coreano se viu fragmentado, com o Sul sob o domínio do imperialismo americano e japonês e o Norte resistindo à dominação estrangeira.

A narrativa acompanha personagens que, refugiados no Japão, anseiam por retornar à sua terra natal. Pyongyang, agora capital da Coreia do Norte, surge como um refúgio, mas a segurança é incerta. Se optarem pelo Norte, arriscam-se a morrer sob os bombardeios. Já no Sul, a fome é certa.

Em meio a este cenário desolador, a autora tece um panorama da vida cotidiana dos coreanos, marcada pela luta incessante pela sobrevivência. A política internacional, com seus embates ideológicos e conflitos geopolíticos, fica em segundo plano. O foco recai sobre as famílias, impelidas a tomar decisões cruciais para garantir a própria existência.

Min Jin Lee opta por apresentar apenas o essencial do contexto histórico, evitando digressões que distanciariam o leitor da vivência dos personagens. Essa escolha deliberada reforça a centralidade da experiência humana diante das atrocidades da guerra, demonstrando como a resiliência e o amor familiar podem florescer mesmo nas circunstâncias mais adversas.

Conclusão: Um Tributo aos Esquecidos

“Pachinko” começa com a frase: “A história falhou conosco, mas não importa.” Este livro serve como um tributo às pessoas humilhadas, massacradas e esquecidas pela história. Min Jin Lee traz à tona a resiliência e a perseverança de uma família coreana, garantindo que suas histórias não sejam esquecidas.

“Pachinko” é uma obra-prima que não apenas narra a saga de uma família, mas também ilumina aspectos cruciais da história e da cultura coreana. É uma leitura essencial para quem deseja compreender as complexidades das relações entre a Coreia e o Japão, e a força inabalável do amor materno.

Uma grande história de amor, Pachinko é também um tributo aos sacrifícios, à ambição e à lealdade de milhares de estrangeiros desterrados.

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