“A sombra do vento” – Carlos Ruiz Zafón

A sombra do vento

“A sombra do vento” começa em 1945, numa Espanha abalada pelo fim da guerra civil espanhola (1939) e logo no início da segunda grande guerra. Nesse curto período entreguerras, a Espanha passava por um clima de muito medo, receio e escassez.

A história se passa em Barcelona, onde o clima é pintado pelo autor como uma grande cidade cheia de neblina, úmida e ameaçadora.

Daniel tem 11 anos e é filho de um livreiro. Um dia, seu pai resolve mostrar ao garoto um lugar secreto: o Cemitério dos Livros Esquecidos, que é uma biblioteca gigantesca, escondida numa rua estreita e guardada a sete chaves por pessoas que são patronos de livros que foram esquecidos.

O trato é: a pessoa recém introduzida ao cemitério escolhe um dos livros e cuida desse livro para sempre, para que nunca mais ele caia em esquecimento. Daniel, de forma aleatória, escolhe um livro chamado A sombra do vento, escrito por um autor chamado Julián Carax.

O garoto fica completamente apaixonado pelo livro, e vai em busca de conhecer mais sobre o autor, até que descobre que alguém está tentando queimar os livros do Carax há muitos anos, para destruir tudo aquilo que sobrou do autor.

Esse fato faz o garoto se envolver em uma aventura alucinante pelas ruas de Barcelona, cheia de tomadas de decisões questionáveis para tentar descobrir quem é Julián Carax e porque estão tentando destruir as suas obras.

Opinião com spoilers

Talvez eu tenha uma opinião impopular sobre esse livro, mas esse foi um belo exemplo de livro que eu demorei para processar se eu gostei ou não da leitura.

Nas quase 630 páginas o autor força uma série de reviravoltas, numa Barcelona belíssima, porém assombrada por um risco eminente de guerra. É palpável o medo que os espanhóis estão vivendo naquele momento.

Por outro lado, acho que o protagonista, Daniel, é um garoto extremamente difícil de se conectar. Ele é chato, toma as piores decisões possíveis e arrasta um monte de gente para as desventuras que ele criou por causa de curiosidade. Além disso, a motivação do vilão da história é extremamente fraca, e fiquei com a impressão que o autor fez alguns esforços para escrever frases de impacto para serem sublinhadas por leitores (eu mesmo fiz isso).

Tem alguns personagens que você acha que vão ter algum impacto, mas são completamente descartados da história sem mais nem menos.

Também achei curioso que o livro é uma mistura de aventura e detetive, porém Daniel encontra as respostas de formas incrivelmente fáceis. Ele tem um amigo chamado Fermín, provavelmente o melhor personagem da história, que some em alguns momentos e, quando retorna, tem uma série de respostas para as perguntas do protagonista.

Contudo, nada me deixou mais boquiaberto que o triste fim de Clara, sobrinha de Gustavo Barcelós.

Clara é uma garota cega que tem cerca de 20 anos quando conhece Daniel, com uns 12. O garoto e ela fazem uma bela amizade e Daniel frequenta a casa dela para ler para Clara, até que ele fica completamente apaixonado pela garota. Um dia ele entra na casa de Clara e vê ela se relacionando com o seu professor de música. Isso faz Daniel desenvolver um rancor profundo por ela até cortar todas as relações com a garota.

O livro se desenrola ao longo de vários anos, e Daniel nunca perdoou Clara por ter tido um caso com o professor de música, mesmo ela nunca sequer ter dado esperança para ele. Até porque ela era 10 anos mais velha que Daniel, e o conheceu quando ele ainda era uma criança.

 No final do livro, mesmo com algumas tentativas de se reaproximar do amigo Daniel, Clara acaba uma idosa solitária morando sozinha num apartamento pequeno em Barcelona, e Daniel sequer quis saber dela. Tudo isso a troco de absolutamente nada. Sem falar que, depois de cortar as relações com Clara, Daniel começa a dar em cima de uma mulher comprometida. Ele diz que ama ela, sem nem sequer ter certeza disso.

Em determinado momento da história acaba um capítulo com Daniel falando que vai morrer dentro de uma semana, e naturalmente você fica as próximas centenas de páginas esperando isso acontecer. Quando acontece, o autor imediatamente reviveu Daniel com a desculpa que ele ficou morto por apenas alguns minutos, e depois voltou a vida. Nessa parte eu me senti enganado pelo autor da forma mais descarada possível.

Eu definitivamente me decepcionei com esse livro. Não é um livro ruim, mas é um livro muito grande e com personagens e tomadas de decisões totalmente questionáveis.

“A sombra do Vento” faz parte de uma quadrilogia chamada “O Cemitério dos livros esquecidos” composta por A sombra do vento, O jogo do anjo, O prisioneiro do céu e O labirinto dos espíritos.

Não pretendo ler nenhum deles.

O livro “A sombra do vento” foi escrito em 2001 pelo autor espanhol Carlos Ruiz Zafón e é amplamente considerado um dos maiores clássicos espanhóis.

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